De moeda de troca à forma de controle: faz tempo que sexo não é só sexo
"A história do ato sexual, que se designa prosaicamente por coito ou, escolhendo entre os seus milhares de sinônimos, "carapauzada", "pôr a escrita em dia" ou ainda "mandar o bernardo às couves", é a de um movimento pendular perpétuo entre liberdade e constrangimento, amor à luz do dia e hipocrisia das sombras", diz a escritora francesa Béatrice Bantman.
Ainda há no sexo muitos tabus e preconceitos. Desde cedo, as crianças aprendem a associar sexo a algo sujo e perigoso, porque ouvem as pessoas usarem o sexo para xingar e ofender a alguém. Todo palavrão tem conotação sexual. Sem ser percebida como tal, a repressão sexual vai se instalando e condiciona o surgimento de valores e regras para inibir a sexualidade das pessoas.
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Tudo isso passa a ser visto como natural, fazendo parte da vida, o que causa grandes prejuízos. "Quanta renuncia ao desejo a sociedade exige de nós em comparação com o nível de recompensa que ela proporciona?", pergunta a professora americana Laura Kipinis.
As frustrações sexuais na nossa cultura são geralmente causadas pelo hábito de se colocar o sexo a serviço de outros objetivos. As mulheres, para fazer frente à opressão que sofriam, durante muito tempo usaram o próprio corpo como arma para se defender. Controlando as necessidades sexuais masculinas, obtinham em troca vantagens e também presentes como joias, roupas e perfumes. Novos valores surgiram, mas muitas delas não desistem da ideia de que só tendo o domínio da satisfação sexual do homem terão benefícios.
Muitos homens, por sua vez, vão para o ato sexual tão preocupados com o desempenho e, por não relaxarem, ficam impossibilitados de se entregar às sensações. É claro que nem todos ficam tensos durante o ato sexual. As pessoas realmente livres se limitam a buscar no sexo a única coisa que ele pode oferecer: prazer sexual.
Entretanto, saber descobrir e sentir prazer pode ser um talento e uma arte que precisa ser cultivada. E com toda a repressão sexual da nossa cultura, não é tão simples. Certos prazeres são aceitos, alguns condenados, outros proibidos mesmo. Não é sem motivo. Impedir as pessoas de experimentar prazer é uma forma eficiente de mantê-las sob controle.
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